Keynes: Um Liberal Revolucionário
Esse ensaio se desdobra em duas partes. A primeira é uma tentativa de mapear a interpretação histórica e a sociologia econômica que enformaram a “revolução teórica” proposta por Keynes em 1936. É também um esforço no sentido de analisar alguns de seus principais escritos no período compreendido entre 1919, quando é publicado seu panfleto As Consequências Econômicas da Paz e 1936 quando a Teoria Geral vem a publico. A proposição central do ensaio é de que, nesse período, Keynes constrói não apenas uma aguda análise das mutações na estrutura político-institucional do capitalismo desde a virada para o século XX, mas também concebe um conjunto de reformas institucionais e um amplo programa de políticas publicas para implementá-las. Nesse sentido, a análise aqui proposta deve ser vista como uma contribuição ao entendimento da visão de capitalismo do autor, que, concluo, permite classificá-lo como um “liberal revolucionário”.
Na segunda parte do ensaio, o projeto de reorganização institucional do capitalismo forjado por Keynes entre 1919 e 1936, é discutido, e criticado, à luz de duas vertentes de críticas, parcialmente pertinentes, por parte de Schumpeter, da abordagem do Public-choice e de neoliberais como Mancur Olson, as quais revelam lapsos na formulação de Keynes. Elas são discutidas, parcialmente incorporadas, mas rebatidas do ponto de vista da invalidação do mesmo. A conclusão do trabalho aponta para a relevância contemporânea do “Projeto Keynes”, ressaltando a necessidade do seu resgate, mas também da sua atualização.